Reações duras da Alemanha à ação da Polônia: "A fúria vai aumentar ainda mais"

A jornalista alemã Simone Schmollack, do Tageszeitung, relata que os controles na ponte que liga Frankfurt (Oder) a Słubice e na autoestrada A12 vêm causando enormes transtornos há meses. "As pessoas estão furiosas com os engarrafamentos. A partir de segunda-feira, a fúria vai aumentar ainda mais", alerta Schmollack, comentando a nova onda de controles implementada pelo lado polonês.
A jornalista critica as decisões do governo alemão, que, em sua opinião, só aprofundam o caos.
O gabinete do chanceler Friedrich Merz ignora o fato de que a Alemanha depende de especialistas estrangeiros. Além disso, Berlim está abandonando os valores humanitários e, ao introduzir controles desnecessários, está prejudicando as relações anteriormente amigáveis com a Polônia.
Na perspectiva dela, a fronteira de Brandemburgo com a Polônia continua "verde" – migrantes ilegais ainda podem contornar os postos de controle pela floresta. "A reação polonesa é – na perspectiva dela – compreensível, mas só agrava ainda mais o problema", enfatiza Schmollack.
Berlim sob ataque. A Alemanha está transferindo o problema?O que está acontecendo na fronteira também está causando sérias preocupações entre as elites econômicas e políticas alemãs. O jornal "Handelsblatt" chama a atenção para o impacto dramático dos controles sobre os negócios. "As empresas alemãs estão preocupadas", alerta o jornalista Dietmar Neuer. Conforme relatado, a Câmara de Comércio e Indústria Alemã (DIHK) chega a falar de "grande preocupação".
Helena Melnikov, da DIHK, acrescenta: "Recebemos informações dos círculos empresariais, especialmente das câmaras de comércio e indústria das regiões fronteiriças, que nos preocupam."
Na opinião dela, se os trabalhadores poloneses não conseguirem chegar a tempo aos locais de trabalho alemães, poderão começar a procurar emprego em outros países da UE. Isso agravará a crise de pessoal em estados como Brandemburgo.
A voz da política: caos, engarrafamentos e dezenas de milhares de vítimasO Ministro do Interior de Brandemburgo, Refe Wilke, alertou durante uma reunião da comissão de assuntos internos do parlamento estadual que os novos controles significariam "enormes engarrafamentos e caos no trânsito". Suas previsões são claras: "Centenas de milhares de pessoas sofrerão".
Viktoria Grossmann, do Sueddeutsche Zeitung, chama a atenção para o fenômeno perturbador dos "autoproclamados" guardas de fronteira do lado polonês. Segundo ela, esses grupos são liderados pelo extremista de direita Robert Bąkiewicz, apoiado pelo PiS e pelo presidente eleito Karol Nawrocki. Grossmann escreve que Bąkiewicz está disseminando "teorias da conspiração sobre milhares de migrantes sendo transferidos deliberadamente da Alemanha para a Polônia".
Segundo os serviços alemães, um total de 3.777 migrantes foram recusados na fronteira entre a Polônia e a Alemanha entre setembro de 2024 e o final de abril de 2025. Grossmann lembra que a Polônia havia demonstrado menos envolvimento no registro de migrantes vindos do leste. Foi somente após as decisões da Alemanha que o país começou a tomar medidas claras.
Schengen está se desintegrando? "Mais uma fronteira aberta desapareceu"Controles temporários também afetam o tecido simbólico da integração europeia. O diário austríaco Der Standard observa que "o espaço Schengen perdeu mais uma fronteira interna aberta". Como escreve Gerald Schubert, 10 países da UE estão agora usando a possibilidade de suspender a livre circulação de pessoas, que originalmente deveria ser uma exceção, mas está se tornando a norma.
Schubert aponta a hipocrisia alemã. Embora a Alemanha não tenha fronteiras externas, é a Alemanha que "está repelindo os requerentes de asilo e pressionando os governos dos países vizinhos – mesmo aqueles que normalmente não punem os alemães". Isso, diz ele, é um típico efeito dominó, cujo objetivo é transferir a pressão migratória para as fronteiras externas da UE – como a Polônia.
Donald Tusk muda de tom. Pressão da oposição e patrulhas autoproclamadasEm meio a toda a turbulência política, chama a atenção a mudança na narrativa do primeiro-ministro Donald Tusk. Anteriormente conhecido como defensor do compromisso e da cooperação com a UE, ele agora declara uma postura firme. "O tempo em que a Polônia não reagia adequadamente a tais ações definitivamente acabou", declarou Tusk.
Comentaristas apontam que sua declaração é uma resposta à pressão da oposição – especialmente do PiS – que combina retórica antialemã com medo de migrantes. "Essas palavras não são surpreendentes, embora Tusk não tenha usado tal linguagem até agora. Isso mostra que o primeiro-ministro está sob pressão da oposição, que é hostil à UE e à Alemanha, e de autoproclamados guardas de fronteira", lemos no Der Standard.
E isso é só o começo…Embora os controles estejam atualmente programados para durar até 5 de agosto, muitos especialistas temem que a situação se prolongue por mais tempo e leve a uma crise mais profunda. A agência de notícias alemã DPA enfatiza que "os viajantes devem se preparar para a espera na fronteira polonesa". O despacho indica que os efeitos completos dessa decisão não podem ser previstos hoje. Uma coisa é certa, porém: as pessoas comuns estão sofrendo – trabalhadores transfronteiriços, motoristas, moradores de cidades fronteiriças.
Leia também: Os migrantes não desistem. Eles têm uma nova maneira de entrar na Polônia. Leia também: Hołownia queria trair Tusk? As especulações estão aumentando. Esta deveria ser a aposta.
Wprost